segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

 EXPOSIÇÃO SOBRE A REVOLUÇÃO DE 1924 NA INTERNET

O Arquivo Público do Estado de São Paulo desenvolveu uma exposição virtual sobre a Revolução de 1924, conflito marcante na história brasileira. Entre os documentos que serviram de base para esta exposição estão processos criminais instaurados contra os rebeldes após a Revolução de 1924 e cartas dos líderes deste movimento, além de jornais e revistas da época. Esse evento histórico é contado em 9 "salas" repletas de textos e ilustrações.
Esta exposição também oferece 15 atividades pedagógicas que podem ser aproveitadas pelos professores em sala de aula, pois possibilita utilizar fontes históricas para debater este tema com seus alunos.
Acesse: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_revolucao

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Período Pombalino

Por Cristine Delphino
O Período Pombalino vai de 1760 a 1808 e leva esse nome devido as reformas realizadas na metrópole e nas colônias portuguesa, pelo primeiro-ministro de Portugal, conde de Oeiras e Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo.

Escolhido pelo rei de Portugal D. José I para ocupar o cargo de primeiro-ministro, Pombal tinha o objetivo de realizar reformas que recuperassem a economia portuguesa tendo como plano de fundo a crise do Antigo Regime e a subida das ideias iluministas. Para colocar Portugal numa posição privilegiada em relação aos demais países europeus, era preciso focar na colonia que tinha mais peso econômico, Brasil.

Economicamente falando, com a crise que Portugal sofria, foram muitos os que vieram para o Brasil e pela primeira vez viu-se mais pessoas livres do que escravos residindo por aqui. A principal atividade econômica da época era a mineração, porém foram criadas outras complementares o que acabou culminando na criação do comércio interno. Com isso, Portugal aumenta a exploração sobre a colonia, realizando reformas administrativas e fiscais, que multiplicaram os impostos. Com o aumento da população era preciso um plano de educação que já estava sendo realizado pelos jesuítas. Mas o primeiro-ministro descontente com a falta de poder que a corte tinha sobre os jesuítas, os expulsa das terras brasileiras e portuguesas.

As escolas foram fechadas e foi realizada uma verdadeira reforma na educação. Pombal queria que os índios substituíssem o trabalho braçal da Amazônia, por isso criou a Vila Pombalina a fim de controlar os indígenas economicamente e socialmente. Existiam duas escolas dentro da vila, uma para as meninas e outra para os meninos e todos estavam proibidos de falar qualquer língua indígena. Além disso, ele criou aulas régias de latim, grego e retórica, cada aula era dirigida por um único professor e nenhuma tinha ligação com a outra. O problema era que Pombal queria educar para que estas pessoas pudessem ajudar nos interesses do estado, mas ele não tinha a mínima ideia do que estava fazendo. Foi aí que no ano de 1798, através da Carta Régia de D.Maria I, os índios passaram a serem integrados na sociedade, suas aldeias foram transformadas em vilas e eles podiam casar-se com portugueses. Os planos de Pombal foram por água abaixo.

Com a educação em crise, em 1772 foi instituído o Subsídio literário, que tinha como finalidade estimular os professores aumentando o salário realizando a manutenção do ensino primário e médio através de impostos cobrados sobre a carne, o vinho, o vinagre e a aguardente. O problema é que nunca foi colocado em prática regularmente e os professores ficaram a ver navios.

Pombal também acabou com as capitanias hereditárias, trocou a capital que era Salvador pelo Rio de Janeiro, criou duas companhias de comércio (Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão/Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba) e aumentou a cobrança de impostos sobre a exploração de ouro o que culminou na Inconfidência Mineira.

Depois da morte de D.José I, foram várias as medidas do Marquês que foram anuladas. O período Pombalino terminou de fato com a chegada da família real ao Brasil em 1808.

Fontes:

http://books.google.com/books?id=vxatL5Q2mVQC&pg=PA35&dq=per%C3%ADodo+pombalino&hl=pt-br&ei=bpvBTOPNEo2fOtTTiZ8M&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCcQ6AEwAA#v=onepage&q=per%C3%ADodo%20pombalino&f=false

http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb03.htm

http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/periodo-pombalino.jhtm

http://books.google.com/books?id=9ZyCdrVMe30C&pg=PA25&dq=per%C3%ADodo+pombalino&hl=pt-br&ei=bpvBTOPNEo2fOtTTiZ8M&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3&ved=0CDEQ6AEwAg#v=onepage&q=per%C3%ADodo%20pombalino&f=false

Ferramentas de estudo e diversão para a galera da história

Revistas Eletrônicas

Fênix - Revista de História e Estudos Culturais

http://www.revistafenix.pro.br

ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte

http://www.artcultura.inhis.ufu.br/

Boletim Eletrônico do Tempo Presente

http://www.tempopresente.org/index.php

Cadernos de História: Publicação do corpo docente do departamento de História UFOP

http://www.ichs.ufop.br/cadernosdehistoria/chamada.php

Chonos Scriotum: Revista Eletrônica de História

http://cdsmj.br.tripod.com/home.htm

EMBORNAL: Revista Eletrônica da ANPUH-CE

http://www.ce.anpuh.org

Esboços - Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC

http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos

História Agora - Revista de História do Tempo Presente

http://www.historiagora.com/

História da Historiografia

http://www.ichs.ufop.br:80/rhh/index.php/revista/issue/current

História e- História

http://www.historiaehistoria.com.br/

Histórica: Revista Eletrônica do Arquivo do Estado

http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/

Intellèctus

http://www.uerj.br

MORPHEUS: Revista Eletrônica em Ciências Humanas

http://www.unirio.br/morpheusonline/Pedro%20Hussak.htm

Oralidades: Revista de História Oral da USP

http://www.oralidades.com.br/

Ponta de Lança: História, Memória & Cultura

http://www.posgrap.ufs.br/periodicos/ponta_de_lanca

Práxis: Revista Eletrônica de História e Educação

http://www.fja.edu.br/praxis/

Revista Antíteses do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Estadual de Londrina

http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses

Revista Crítica Histórica

http://sites.google.com/site/revistacriticahistorica

Revista Eletrônica de História Antiga e Medieval

http://www.revistamirabilia.com/

Revista Eletrônica de História Comparada

http://www.grupos.com.br/group/comparada/

Revista Eletrônica de História do Brasil UFJF

http://www.rehb.ufjf.br/

Revista Eletrônica do Centro de Estudos do Imaginário UFRO

http://www.cei.unir.br/artigo73.html

Revista Eletrônica História em Reflexão

http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao

Revista Eletrônica Outros Tempos, publicação do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão

www.outrostempos.uema.br

Revista Em Tempo de Histórias - UNB

http://www.unb.br/ih/novo_portal/portal_his/revista/index.html

Revista Militares na Política

http://www.lemp.ifcs.ufrj.br/revista

Revista Urbana - Periódico do Centro Interdisciplinar de Estudos da Cidade - CIEC/Unicamp

http://www.ifch.unicamp.br/ciec/revista/index.php

SPARTACUS: Revista Eletrônica dos Acadêmicos do Curso de História da UNISC

http://www.unisc.br/cursos/graduacao/historia/spartacus/index.htm

Tempo e Argumento: Revista do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina

http://www.periodicos.udesc.br/index.php/tempo/index

Tempo Histórico: Revista Eletrônica dos Estudantes de História

http://www.ufpe.br/historia/revista.html

Territórios e Fronteiras: Revista do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Mato Grosso

http://http://cpd1.ufmt.br/ichs/territorios&fronteiras/

Seremos ou ja somos Professores.

10 motivos para um professor manter um perfil na Web

É facil afirmar que a grande maioria dos alunos mantém um perfil na Web ou mantém um atividade digital constante, interagindo na Internet, mas o mesmo não ocorre com os docentes.


Talvez muitos professores tenham receio de começar a usar a tecnologia e ficar "dependente" dela, ou então ficar ligado "24hrs" por dia e não conseguir separar a vida acadêmica da vida pessoal.


Na verdade acredito que como qualquer outra novidade, a Internet é uma ferramenta poderosa que veio para ficar, e cada um deverá usá-la da melhor maneira possível, dosando de maneira saudável seu uso, mas utilizando de seus recursos como apoio ao seu trabalho acadêmico.


Portanto, criei uma lista de 10 motivos pelos quais você professor pode entrar na vida digital, criando um blog ou um perfil em um rede social, sem medo.


  1. Você cria um canal de comunicação direta com outros colegas e seus alunos, facilitando a troca de informações e compartilhamento de "conhecimento". (Rede Social)
  2. Seguindo a linha do "Ecologicamente correto", você poderá publicar seu conteúdo de aula na Web, evitando assim a impressão desnecessária de muito material. (Site ou blog)
  3. Você poderá acompanhar em tempo real as notícias de tudo aquilo que você tem interesse, desde informações gerais, até específicas da sua área de atuação. (Twitter)
  4. Você poderá compartilhar de maneira fácil e rápida suas impressões ou opiniões pessoais a respeito de assuntos diversos (Rede Social)
  5. Você pode criar um perfil ACADÊMICO e outro PESSOAL, separando as contas, fica mais fácil de restringir o acesso a quem pode ou não pode ver suas informações. (FaceBook e Orkut).
  6. Você pode participar de discussões, fóruns e debates online (Twitter e Sites).
  7. Você pode se informar de forma rápida sobre concursos e oportunidades para lecionar em outros lugares. (Twitter).
  8. Você pode utilizar videos como apoio para suas aulas, existe muito material de qualidade disponível na Internet (Youtube).
  9. Você pode criar e gerenciar sua rede de contatos, como uma empresa. Essa rede poderá ser muito útil para você em algum momento em que desejar divulgar um curso, livro, palestra, ou qualquer outro assunto relevante.
  10. Se você é autor de algum livro, você DEVE estar presenta na Internet, tanto para vender quanto para ouvir seus leitores e compartilhar a experiência deles com sua obra. (Blog, PagSeguro).


É importante reforçar que cada professor tem uma realiade diferente, entratanto a idéia desta lista de 10 sugestões, é mostrar as dúvidas mais frequentes dos professores sobre o que pode ou não pode nas redes sociais.


Prof. Gustavo Gonzalez.
www.sitedoprofessor.com

terça-feira, 13 de outubro de 2009

ISSO É QUE TORNAR A SOCIEDADE IGUALITÁRIA...


Política

16:26 - 13/10/2009 Senado aprova reserva de vagas em faculdades para professores Segundo o projeto, terão direito a pleitear o acesso por processo diferenciado os professores das redes municipais, estaduais e federal

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou, em decisão terminativa, nesta terça-feira projeto de lei que facilita o acesso de professores de educação básica a cursos superiores de pedagogia e licenciatura sem necessidade de vestibular. De autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o projeto prevê que as universidades reservem 20% das vagas para os professores interessados.

Segundo o projeto, terão direito a pleitear o acesso por processo diferenciado os professores das redes municipais, estaduais e federal que tenham ingressado por meio de concurso público, tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não contem ainda com diploma de graduação. Terão prioridade, ainda de acordo com a proposta, os professores que optarem por cursos de licenciatura em matemática, física, química, biologia e língua portuguesa.

Segundo o texto, "as universidades e faculdades de pedagogia e licenciatura definirão os critérios para escolher quais dos professores interessados terão direito a este acesso, caso o número de candidatos ultrapasse 20% das vagas disponíveis para o respectivo curso".

Mais vagas
Também em decisão terminativa, a comissão aprovou projeto que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), para permitir que a União possa participar do financiamento de instituições de ensino superior mantidas pelos Estados, assim como das instituições mantidas por municípios e cujos cursos sejam gratuitos. Por meio da medida, pretende-se expandir a oferta de vagas em cursos superiores.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

E O GOVERNO CRIA COTAS PARA NEGROS...

As raças não existem

As pesquisas genéticas confirmam o que historiadores e sociólogos já sabiam: a unidade da espécie humana. As raças não existem
Verônica Bercht


As ciências biológicas, assim como as ciências sociais, deram durante muito tempo estatuto científico ao racismo. Nelas, ele baseava-se especialmente na afirmação de que a espécie humana era composta de três grandes raças e cada uma delas tinha atributos intelectuais e comportamentais específicos que justificavam uma hierarquia biologicamente estabelecida. Quem pensava assim via na prática social a comprovação dessa hierarquia. O conceito de raça – ou subespécie – era, portanto, o alicerce científico para o passo seguinte, o racismo e seu corolário, a superioridade racial de um grupo privilegiado.
A principal pergunta pertinente às ciências biológicas sobre esta questão é: a espécie humana é, objetivamente, composta por raças diferentes? Respondida esta pergunta poderíamos então partir para a seguinte: uma raça é superior a outra?
Essas questões receberam respostas diferentes ao longo dos últimos 200 anos. Hoje, o desenvolvimento e o acúmulo dos conhecimentos sobre a evolução da espécie humana, fornecidos principalmente pela paleoantropologia e pela genética, estabeleceram provas irrefutáveis sobre a inexistência de raças na espécie humana e desmascararam a camisa de força imposta por cientistas para adequar a realidade à prática social e à ideologia.
Podemos identificar duas posturas bem marcadas em relação ao conhecimento científico. Uma delas considera o fato científico como a revelação da verdade. Assim, o experimento científico, ou descoberta, é apresentado como um fato isolado, sem relação com outros fatos, científicos ou não, e totalmente alheio ao desenvolvimento científico e histórico que o antecedeu, e o fato é então incorporado como uma “verdade” científica que, por sua vez, é cultuada como solução para o problema que suscitou a pesquisa.
No outro extremo estão os que percebem que as promessas feitas com base na “verdade científica” nem sempre se realizam; que sabem que a ciência é feita por homens e mulheres com suas ideologias, e que, hoje, a prática científica baseia-se nos mesmos mecanismos capitalistas que regem as sociedades atuais. Por isso, negam a validade da metodologia científica para a aproximação do conhecimento da realidade, que em última análise, para eles, é inalcançável.
Essas duas posturas, apesar de distintas, têm a mesma conseqüência: invalidam a prática científica como instrumento para o conhecimento da realidade, negam os benefícios que esse conhecimento pode representar para a humanidade e, acima de tudo, impedem a análise crítica da ciência atual. Com isso, esvaziam as propostas de luta para a democratização e socialização dos conhecimentos científicos e de suas aplicações e para a reorientação dos objetivos da prática científica, atualmente definidos pela organização capitalista e neoliberal da sociedade.
Para entendermos o estágio em que a ciência se encontra é necessário ter em mente que por trás de toda prática científica estão as idéias, que, por sua vez, são resultado do contato do homem com a natureza, com os outros homens e suas criações. As ciências biológicas não são exceção à regra. Elas também estão imersas no universo ideológico, e o debate sobre a existência de raças biologicamente definidas na espécie humana é uma demonstração de que a ciência e a ideologia são inseparáveis e de como é tortuoso o caminho que nos leva ao conhecimento da realidade. Mas, é, ao mesmo tempo, a demonstração de que a ciência pode nos dar elementos importantes para o entendimento do mundo em que vivemos e auxiliar na proposição de lutas para torná-lo mais justo e mais humano.
A origem da variedade de seres que habitam nosso planeta é uma questão fundamental das ciências biológicas. Elas têm, em sua origem, a concepção religiosa judaico-cristã que estabelecia a origem divina das espécies e, até 1858, quando Charles Darwin publicou A origem das espécies e a seleção natural, acreditava-se que elas eram fixas, criadas por Deus, e as variações entre os indivíduos de uma mesma espécie não passavam de imperfeições nas criaturas, provocadas pelas falhas do mundo material. Os mesmos argumentos explicavam a existência das raças humanas e estabeleciam os níveis hierárquicos entre elas. A versão bíblica (Gênesis 9, 18-27) conta que quando Noé e seus filhos Sem, Cam e Jafé saíram da Arca, Cam cometeu uma irreverência contra o pai que, para puni-lo, o condenou ao sofrimento no tórrido continente africano e à eterna escravidão: “Maldito seja Canaã! Que se torne o último dos escravos dos irmãos”. A descendência dos três filhos de Noé teria formado, segundo essa interpretação religiosa, as raças que se espalharam pelos diferentes continentes.
Essa concepção predominou nas ciências biológicas até mesmo depois de Darwin ter mostrado que as espécies não eram fixas, mas resultado de um longo processo de transformações sucessivas. Numa época em que, de um lado, a prática da escravidão estava no auge e, de outro, a ciência não dispunha de elementos para compreender a evolução humana – a paleoantropologia ainda engatinhava à procura de fósseis dos ancestrais humanos e não se conheciam os mecanismos de herança das características dos seres vivos – a ciência biológica européia, é bom lembrar, associava traços culturais que não conseguia entender à variedade física dos povos, alegando que eram determinados pelo clima onde esses povos viviam. Assim, os traços culturais dos povos asiáticos e africanos eram associados às suas características físicas e como essas culturas eram consideradas inferiores à cultura européia, que então procurava se impor nas diversas colônias, os povos mongolóides e negróides eram considerados inferiores.
Pode-se dizer que essas idéias predominaram nas ciências biológicas até o início do século XX, acaçapando as visões discordantes. O desenvolvimento de dois ramos das ciências biológicas, a paleoantropologia e a genética evolutiva, na primeira metade do século XX, e a ameaça representada pelas idéias nazistas e eugenistas durante a Segunda Guerra Mundial foram determinantes para destronar temporariamente aquela concepção no âmbito das ciências biológicas. E após a derrota do nazismo, mesmo biólogos conservadores, como Edward O. Wilson, um dos fundadores da sociobiologia, diziam que a noção de raça ou subespécie era tão arbitrária que deveria ser abandonada.
Não auxiliava na classificação de plantas e animais e nem no entendimento dos fenômenos evolutivos. Ao contrário, confundia-os.
A teoria neodarwinista, proposta na virada dos anos de 1940 por Ernst Mayr, Theodozius Dobzanky e Julian Huxley, reuniu a teoria da evolução proposta por Darwin com os achados de Mendel e as novi-dades da nascente genética das populações, mas ainda mantinha em suas bases o dogma da Criação. Aceitava a evolução das espécies como um processo progressivo em cuja base estão as espécies inferiores que gradativamente progridem até chegar ao ápice dominado pela figura humana, como se a evolução seguisse um plano previamente traçado. O neodarwinismo propõe que a evolução consiste no surgimento de novas variantes de genes em grupos isolados de uma espécie; essas variantes surgem ao acaso provocadas por mutações e não ocorrem de maneira homogênea em toda a espécie. Gradualmente, sob a ação da seleção natural, as variantes genéticas que conferem vantagens adaptativas aos indivíduos do grupo são incorporadas ao seu patrimônio genético. O isolamento e o acúmulo progressivo de mutações em seu patrimônio genético torna-o, ao longo do tempo, incompatível com a espécie original – definindo uma nova espécie. As raças ou subespécies, por sua vez, seriam os estágios intermediários desse processo.
Esta teoria não rompeu com as idéias racistas que, ao contrário, a evocavam para afirmar que as raças negra e amarela seriam estágios anteriores e inferiores da raça branca e inspirou correntes reacionárias, como a sociobiologia e o ultradarwinismo.
Mas o neodarwinismo expôs também a fragilidade do conceito de raça, subespécie ou variedade ao demonstrar como sua significância depende do momento do processo evolutivo de uma certa espécie. Como saber se as variações observáveis dentro de uma espécie dariam vantagens evolutivas aos seus portadores a ponto de diferenciá-los numa raça? Em que momento um conjunto de variações poderia conferir status de raça a uma população? Inspirou, também vários estudos que tentaram quantificar a variação genética entre populações de uma mesma espécie, inclusive na espécie humana. Esses estudos mostraram que a variação genética entre indivíduos de uma mesma população humana é menor do que a variação entre indivíduos de “raças” diferentes. Outros estudos demonstraram que os traços que orientam as noções de raças – a cor da pele, o formato do nariz e dos lábios e o tipo de cabelo – não são típicos de cada “raça”. Existem, por exemplo, pessoas de pele clara e pessoas de pele escura portadoras de cabelos crespos, ondulados e lisos; de nariz achatado e de nariz aquilino; de lábios finos ou carnudos. As variações genéticas para cada uma dessas características estão espalhadas em toda a população humana.


Raça, um conceito ideológico, e não biológico
A luta contra as idéias racistas foi intensa. Apesar dos avanços posteriores à Segunda Guerra Mundial, o debate sobre a existência de raças recrudesceu na década de 1970, quando foram publicados livros como O Macaco Nu, de Desmond Morris, Gene Egoísta de Richard Dawkins e Sociobiologia de Edward O. Wilson. As idéias racistas e deterministas dessas obras, fartamente divulgadas pela imprensa da época, foram atacadas por cientistas progressistas, de inspiração marxista, como Richard Lewontin, Steven Rose, Leon Kamin, Marcel Blanc, Stephen J. Gould, entre outros, que promoveram uma verdadeira campanha de divulgação de experimentos e pesquisas científicas e demonstraram como as idéias apresentadas por aqueles autores não tinham fundamentos científicos e eram, apenas, conclusões de ordem moral e ideológica.
Nessa época os livros do paleontólogo Stephen J. Gould começaram a chegar às livrarias mostrando que a teoria neodarwinista não era a única explicação para a origem de espécies novas. Uma das idéias combatidas por Gould é a de que as raças ou subespécies são estágios transitórios do processo de especiação. Ele é veemente no combate à idéia de que a evolução é um processo de “melhoramento” das espécies e de que há uma hierarquia entre elas. Ao contrário, ele defende que a seleção natural é um fator menor na origem das espécies e considera que o acaso é o principal motor da evolução. O acaso representado por catástrofes naturais, por alterações gradativas no ambiente, por mutações genéticas ou alterações mais profundas no material genético são responsáveis pelo desaparecimento da maior parte das espécies e pelo surgimento de novas.
Algumas idéias de Gould (muitas delas inspiradas em colegas que no início do século foram solapados pela força do neodarwinismo, como Richard Goldschmidt), foram reconhecidas e incorporadas por cientistas como Ernst Mayr, fundador do neodarwinismo.
Na segunda metade do século XX os achados de fósseis de ancestrais humanos acrescentaram novos argumentos contra a existência de raças ao mostrarem que a espécie humana é muito nova na face da Terra – surgiu há apenas cerca de 160 mil anos, tempo insuficiente para que houvesse se diferenciado em raças. Além disso, mostraram que o intercruzamento, ao contrário do isolamento, é uma característica da espécie impossibilitando a ocorrência do processo de especiação neodarwinista.
Atualmente, portanto, é consenso de que não existem raças biologicamente definidas entre os homens. Mesmo tendo destruído o conceito biológico de raça humana, não será a ciência que destruirá o racismo, cujas origens não são científicas e nem fazem parte da natureza humana. O racismo também não é um mero problema de atitude, um preconceito residual do tempo da escravidão, como a visão liberal tradicional deseja. As origens do racismo são ideológicas e suas bases se mantêm na medida em que o racismo reforça o sistema capitalista. As conclusões da paleoantropologia e da genética de populações, no entanto, devem ser incorporadas à luta contra o racismo com a mesma veemência que as conclusões pseudocientíficas o foram a seu favor em tempos de triste memória.
Verônica Bercht é bióloga e jornalista.



Texto da Revista Princípios ed. 79

Cientistas encontram mais antigo ancestral humano na Etiópia

Ardipithecus ramidus' viveu há 4,4 milhões de anos.
Macacos e homens tiveram evolução distinta há muito mais tempo.

Do G1, com agências internacionais


Science/Reprodução

O crânio e a mandíbula do Ardipithecus ramidus; animal foi descrito como o mais antigo ancestral do homem (Foto: Reprodução/Science)

Science/Reprodução

'Science' dedicou uma edição especial aos artigos que detalham e comentam a descoberta (AAAS/Science)

A família que resultou no que chamamos humanidade está 1 milhão de anos mais velha. Cientistas descobriram um ancestral dos homens atuais de 4,4 milhões de anos. O Ardipithecus ramidus (ou apenas “Ardi”, como é carinhosamente chamado) foi descrito minuciosamente por uma equipe internacional de cientistas, que divulgou a descoberta em uma edição especial da revista “Science” desta semana.

O espécime analisado, uma fêmea, vivia onde hoje é a Etiópia 1 milhão de anos antes do nascimento de Lucy (estudado por muito tempo como o mais antigo esqueleto de ancestral humano).


“Este velho esqueleto inverte o senso comum da evolução humana”, disse o antropólogo C. Owen Lovejoy, da Universidade Estadual de Kent. Em vez de sugerir que os seres humanos evoluíram de uma criatura similar ao chimpanzé, a nova descoberta fornece evidências de que os chimpanzés e os humanos evoluíram de um ancestral comum, há muito tempo. Cada espécie, porém, tomou caminhos distintos na linha evolutiva.


'Ardipithecus ramidus' significa 'raiz dos macacos terrestres'


"Este não é o ancestral comum, mas é o mais próximo que chegamos", disse Tim White, diretor do Centro de Evolução Humana da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Os humanos atuais e os macacos modernos provavelmente tiveram um ancestral comum entre 6 milhões e 7 milhões de anos atrás.

  • Aspas

    Este velho esqueleto inverte o senso comum da evolução humana"

Ardi, porém, tem muitas características que não aparecem nos macacos africanos atuais, o que leva à conclusão de que os macacos evoluíram muito desde que nós dividimos o último ancestral comum.

O estudo de Ardi, em curso desde que os primeiros ossos foram descobertos, em 1994, indica que a espécie vivia nas florestas e que poderia subir em árvores. O desenvolvimento de seus braços e pernas, porém, indica que eles não passavam muito tempo nas árvores: eles podiam andar eretos, sobre duas pernas, quando estavam no chão.

"Esta é uma das descobertas mais importantes para o estudo da evolução humana", disse David Pilbeam, curador de paleoantropologia do Museu de Arqueologia e Etnologia de Harvard. "É relativamente completo, na medida em que ficaram preservadas a cabeça, as mãos, os pés e algumas outras partes importantes. Ele representa um gênero possivelmente ancestral dos Australopithecus – que eram ancestrais do nosso gênero Homo", disse Pilbeam, que não fez parte das equipas de investigação.

  • Aspas

    Quando você olha da cabeça aos pés, vê uma criatura que não é nem chimpanzé, nem é humano"

Os cientistas montaram o esqueleto do Ardipithecus ramidus (que significa “raiz dos macacos terrestres) com 125 peças do esqueleto encontradas.

Lucy, também encontrada na África, prosperou um milhão de anos após Ardi e foi um dos Australopithecus mais semelhantes aos humanos.

"No Ardipithecus temos uma forma não especializada que não evoluiu muito em direção aos Australopithecus. Então, quando você olha da cabeça aos pés, você vê uma criatura que não é nem chimpanzé, nem é humano. É Ardipithecus", disse White.

  • Aspas

    Darwin disse que temos de ter muito cuidado. A única maneira de sabermos como este último ancestral comum se parecia é encontrando-o"

O pesquisador lembrou que Charles Darwin, cujas pesquisas no século 19 abriram o caminho para a ciência da evolução, foi cauteloso sobre o último ancestral comum entre humanos e macacos. "Darwin disse que temos de ter muito cuidado. A única maneira de sabermos como este último ancestral comum se parecia é encontrando-o”, afirmou White. “Em 4,4 milhões de anos, encontramos algo muito próximo a ele."

Alguns detalhes sobre Ardi:


- Ardi foi encontrada em Afar Rift, na Etiópia, onde muitos fósseis de plantas e animais (incluindo 29 espécies de aves e 20 espécies de pequenos mamíferos) foram descobertos. Achados perto do esqueleto indicam que, na época de Ardi, a região era arborizada.

- Os caninos superiores de Ardi eram mais parecidos com os pequenos e grossos dentes de humanos modernos do que com os grandes e afiados caninos de chimpanzés machos. Análise do esmalte dentário sugere uma dieta diversificada, que incluía frutas, folhas e nozes.

- Ardi possuía um focinho saliente, dando a ela uma aparência simiesca. Mas não tão para a frente como os focinhos dos macacos modernos. Algumas características de seu crânio, como a área sobre os olhos, diferem muito dos chimpanzés.

-Detalhes do fundo do crânio, onde nervos e vasos sanguíneos encontram o cérebro, indicam que o órgão ficava posicionado de maneira semelhante ao dos humanos modernos. Segundo os pesquisadores, isso indicaria que os cérebros dos hominídeos já estavam posicionados para abranger áreas que envolvem aspectos visuais e de percepção espacial.

-Suas mãos e punhos eram uma mistura de características primitivas e modernas, mas não possuíam marcas características dos modernos chimpanzés e gorilas. Ela tinha as palmas das mãos e os dedos relativamente curtos, que eram flexíveis e permitiam que aguentasse o peso do próprio corpo enquanto se movia por entre as árvores. Mesmo assim, ela tinha de tomar muito cuidado ao escalar, pois faltava-lhe as características anatômicas que possibilitam aos macacos atuais balançar, agarrar e mover facilmente entre as árvores.

-A pelve e o quadril indicam que os músculos dos glúteos eram posicionados de modo que ela pudesse andar em pé.

- Seus pés eram rígidos o suficiente para caminhar, mas o polegar era grande o bastante para possibilitar escaladas.

a/a

Ilustração indica como seria a espécime encontrada na Etiópia (Foto:Reprodução/Reuters)

Com Associated Press e Reuters